segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Crônica. Gentil e os nossos fragmentos

Por Pedro Carrano* (um aceno a um dos melhores seres humanos que conheço)
´Só serão salvos os que forem flechas /capazes de uma nova ilusão / nada tem fim se ardes /o colosso celeste nas ondas futuras.
Só serão salvos os que soprarem /no carvão musical a sede´, Fernando José Karl.

 O ônibus passa em frente às estações-tubo, com certo risco de espremer alguém entre a velocidade das portas.

As janelas me conduzem a alguma distração nesse começo de 2015 de tantos apontamentos.
Ainda era 2009. Minha filha conseguia se equilibrar em um só antebraço. Gentil entrava em casa. Pequeno, veloz. A cabeça altiva, comandando e bem logo desfazendo a aparência de um corpo limitado e frágil.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Crônica: Domingo na greve

Lá pelos lados do Centro Cívico fica localizado um dos principais símbolos de orgulho do curitibano. Trata-se do Museu Oscar Niemeyer, popularmente conhecido como Museu do Olho. O local é rota dos ônibus de turismo e dos moradores da capital. Ainda mais em um domingo ensolarado de verão. Oportunidade ideal para reunir a família, namorados, amigos ou ir sozinho para ver alguma exposição.

Só que no caminho até o MON as ruas deste dia colorido estavam bloqueadas ou com desvios. A locomoção de carro se tornara mais difícil, principalmente para aqueles que desconhecem atalhos da cidade. Por sorte que é domingo. Assim não se criam congestionamentos, nem filas de carros pela manhã. O 'transtorno' aos motoristas ocorre justamente para devolver um pouco a cidade aos cidadãos. Pois, dentro do perímetro interditado, as avenidas são ocupadas por bicicletas e corredores que podem usufruir do espaço sem o incomodo de levarem um buzinada ou poderem ser atropelados. E os atletas de fim de semana se locomovem tranquilamente, de um lado ao outro, quem sabe até o próprio Olho, que é o ponto de encontro da galera. Porque o museu dos paranaenses tem mais do que cultura exposta. Ele possui um grande vão livre e um enorme gramado ao seu lado. Espaço utilizado por aquelas famílias, namoradas, amigos ou solitários que não estão muito interessados em arte e querem apenas um pouco de lazer fora dos shoppings.

Circundando o trânsito impedido, aproximo-me do Museu Oscar Niemeyer, mas não estaciono por essas bandas. Sigo em outra direção, passando em frente ao Tribunal de Contas do Estado, que fica escondido atrás do MON, contorno e paro o carro no estacionamento localizado nos fundos do prédio. Já é possível ver na frente do Palácio Iguaçu diversas barracas e bandeiras da ocupação dos professores estaduais em greve contra os pacotes de maldade do governador Carlos Alberto Richa. Gente vinda de todo o estado para não permitir que o governo saqueie de sua poupança 8 bilhões de reais sob o pretexto de uma crise financeira. Ainda a distância, tudo aparenta estar muito tranquilo. Não há barulho, corre corre, os pendões não tremulam, o carro de som não esperneia, quase nada. Cenário bem diferente de doze de fevereiro, quando os deputados governistas, contrariando a vontade de mais de trinta mil pessoas nas ruas, queriam votar na marra o pacotaço. Nem que para isso tivessem que entrar na Assembleia Legislativa, localizada ao lado do Palácio, dentro de um carro blindado do Choque, no episódio que ficou conhecido como “Bancada do Camburão”.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Kollon 3endon Dababaat (Subtitulado al Español)





Vendo documentário na Globo News sobre o Estado Islâmico, me interessei pela expressão sharia, que é a lei que serve de subsídio para o comportamento e o julgamento das pessoas e dos "infiéis".
Eis que na minha busca rápida do Google foi sugerido, enquanto escrevia sharia, o nome de Shadia Mansour. Curioso que sou, colei o nome no YouTube para ver no que dava.
Surgiu aos meus ouvidos uma canção cheia de dor, cujo o refrão, cantado em árabe (se não me engano, assim como toda a canção), diz: "Eles têm tanques, nós temos pedras; Eles derrubam nossas casas e matam nossos filhos, Liberdade para a Palestina, aos heróis de Gaza" e "é preciso acabar com o sionismo - bang, bang".
A música mistura a melodia tradicional ao meu ouvido ocidental da dança árabe com o rap de luta. Ela ainda enfoca o sonho palestino de liberdade com as idéias de Che Guevara.
É uma interessante "descoberta" para observar como a cultura, a música e a tecnologia se movimentam e interagem. Serve para sentir a dor e os anseios sem o filtro do interesse político e financeiro daqueles que transportam a informação.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Poema: Quase uma bossa

Quase uma Bossa

Por que não me dá cartaz
Eu declaro meu amor
e você desfaz

Eu tô na rua
com a multidão
de punho erguido
Essa é a minha missão

Eu tenho o grito
a ordem na garganta
Te chamo ao agito
Você se faz de santa

Por que não me deixa em paz
Mas que terror
Isso não se faz

O teu carinho é rota em desatino
Acuse o golpe, meu tolo menino
Não me adianta as tuas juras de amor
Se a dita dura não é lá um primor

Mesmo assim, não fique desiludido
querendo quebrar tudo, do rico ao pobre
Se não lhe banco, por favor, não me cobre
É que pra mim, você é um mal partido

Você tem mente de capataz
se mente no teor
jamais que me apraz