Minha mãe, que acaba de nascer para as redes sociais, calhou
de mandar uma mensagem estranha pelo WhatsApp. Escreveu: “o tempo é
democrático, pois chega para todos”. E emendou: “faça uma crônica a respeito”.
Considerei exótico o pedido. Ora, ela poderia, em sua primeira mensagem,
perguntar-me sobre meu filho, nascido há um mês, ou contar-me sobre o resultado
dos exames de pressão e batimento cardíaco de uma determinada pessoa querida. Poderia
também ter escolhido conversar sobre a experiência de completar 35 anos de
casada, mesmo meu pai não estando vivo, ou descrever como ela tem passado as
tardes após incorporar mais um gato – Fidel – a nossa família. Mas não. Ordenou-me
que escrevesse uma crônica sobre Chronos, Era, Tempo e seu caráter democrático
porque “chega para todos”.