tag:blogger.com,1999:blog-6506277067188950242024-03-12T17:34:12.919-07:00Crônicas CuritibanasManolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.comBlogger74125tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-61093291949738670172016-02-12T05:12:00.002-08:002016-02-12T05:12:19.511-08:00Sem benção para a reeleição<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-bdM4ndLm0d0/Vr3aISYwzzI/AAAAAAAAJaE/mPhzzE0Ffi8/s1600/pingafogofreut.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://3.bp.blogspot.com/-bdM4ndLm0d0/Vr3aISYwzzI/AAAAAAAAJaE/mPhzzE0Ffi8/s320/pingafogofreut.jpg" width="192" /></a><span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">1 - A vida dos
políticos não está fácil. Eles fazem das suas e o povo, ao seu tempo, devolve à
altura. E nem adianta mais ser religioso, gente de bem, se a sua ladainha não
se reverter em ação concreta. E como de boas intenções o inferno tá cheio, a
massa quer milagre real.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 11.7pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">2 - O prefeito
Gustavo Fruet e o secretário Flávio Arns tiveram exemplo deste martírio no
último dia 10, na Paróquia São Carlos Borromeu, no Jardim das Américas.
Convidados de honra para posse do novo padre Ângelo foram recebidos com “luto”
pelos fiéis.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 11.7pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">3- A descrença
ocorreu no momento da salva de palmas de uma comunidade para a outra. A
comunidade do Rocio, no Rebouças, aplaudiu a do Borromeu, que recebia o padre.
Os fiéis do Jardim das Américas também agradeceram o padre cedido. Contudo,
após o anúncio dos políticos, os católicos preferiram comungar em silêncio.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 11.7pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">4 - É aquela
coisa: o povo dá o dízimo à igreja, mas não gosta de dar terço de seus salários
a impostos, taxas, indústria da multa ou integrantes de governo que gostam de
bater em professor. Neste caso, quem corre o maior risco é Fruet, que pode ter
como penitência não comandar a cidade pelos próximos quatro anos.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 11.7pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">5 - Em tempo: um passarinho me contou e não é pecado comentar que esse
matrimônio entre Fruet e Arns pode se manter para eleição, uma vez que Gustavo
se divorciou do PT. Resta saber como os católicos aceitaram mais essa pulada de
cerca de Flávio, que pode ir para o partido de Ratinho.</span><o:p></o:p></div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-80072176745324482812016-02-11T04:30:00.001-08:002016-02-11T04:30:21.004-08:00O Carnaval venceu<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-j06V-pv3obE/Vrx-wwb_1PI/AAAAAAAAJZw/ITLJCjYu1KM/s1600/carnavalvenceu.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://3.bp.blogspot.com/-j06V-pv3obE/Vrx-wwb_1PI/AAAAAAAAJZw/ITLJCjYu1KM/s320/carnavalvenceu.jpg" width="192" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">1 - Tem ficado
comum neste país o povo negar a cultura como se isso fosse demonstração de
"elevação intelectual". O futebol já sofre desse mal quando tentam
por na conta de sua expressão a culpa pela incompetência e corrupção de
cartolas. O povo só pensa em futebol! Yes, da Alemanha à Inglaterra, passando
por Espanha e Itália, The people like football.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 11.7pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">2 – Agora chegou a vez do Carnaval. Contra ele, pedras e impropérios
foram atirados de todos os lados. Mas o Carnaval devolveu tudo em confete e
serpentina. Tem zika, é culpa da folia.
Tem crise, é responsabilidade do folião. Tem juros e corrupção, põe na conta do
bloquinho. E o Carnaval passou porque é passarinho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">3 – Passou bem por Curitiba, vejam só vocês. Seja no pré-carnaval de Garibaldis
e Sacis, seja no eletrônico, seja nos desfiles das escolas de samba ou no
Zumbie Walk. Curitibanos, aos poucos, vão colocando o samba no pé e a fantasia
na cara carrancuda. O Carnaval também passou feliz e malandro por São Paulo. Na
terra da garoa, abadas e cordas foram proibidas por Haddad. O resultado é mais
de 350 blocos espalhados pela cidade e R$ 400 milhões em retorno financeiro,
provando que a festa pode trazer dinheiro, além de sorriso e azaração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">4 – Azar tiveram – ainda bem – os machinhos. Isso porque não foi o “Japonês
da Federal”, Cunha, Lula ou Dilma as maiores críticas do carnaval. O povo
vestiu a camiseta contra qualquer abuso. Os caras tiveram que respeitar as
minas, pois “se a abordagem for agressiva, meu número é 180”.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">5 – O Carnaval venceu, junto com a Estação Primeira de Mangueira. Venceu
a tradição, o respeito, a raiz. Venceu a escola que exalta a comunidade, o
povo, e a cultura nacional. No carnaval da metralhadora, “canção” que normaliza
a violência, o que ficou no fim é a mensagem contra a intolerância religiosa, a
exaltação do afro, de Bethânia. Ficou a mensagem do Carnaval: </span><span style="background: white; color: #333333; mso-bidi-font-family: Arial;">Não mexe
comigo, eu sou a menina de Oyá</span>.<o:p></o:p></div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-65335505975242783372016-02-04T07:15:00.001-08:002016-02-04T07:15:21.873-08:00PINGA-FOGO Dilma não merece o apoio que tem.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-rRtfsrGt8vg/VrNq9vXVr4I/AAAAAAAAJZM/ORLxSf0XVXs/s1600/dilma.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://4.bp.blogspot.com/-rRtfsrGt8vg/VrNq9vXVr4I/AAAAAAAAJZM/ORLxSf0XVXs/s320/dilma.jpg" width="192" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> 1 - Se tem
alguém que abusa da sorte, essa pessoa é a presidenta Dilma Rousseff. Empareda
pelo Congresso conservador, pela mídia, pelos golpistas e pela crise econômica,
ela geralmente espirra o taco para o lado daqueles que a apoiam. Na frieza da
letra, já se tornou comum ver que suas decisões dessagrando muito mais a
esquerda do que a direita. Não à toa o bordão: “Dilma fica, mas melhora mulher”.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 11.7pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">2 - Só que não
tem melhorado. A resposta que dá às manifestações, seja de que lado for,
invariavelmente prejudicam os trabalhadores. Ocorreu assim quando escolheu
subir os impostos, diminuindo o poder de compra dos brasileiros e
endividando-os. Os banqueiros, Itaú e Bradesco, agradecem, pois Dilma não taxa
adequadamente o lucro ou as grandes fortunas.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 11.7pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">3 - Dilma e seu governo são incoerentes. Quando o calo aperta, clama
união da esquerda e de seu partido. Foi assim na eleição, foi assim nas
primeiras manifestações, foi assim no começo de 2016. Mas depois que o sapato
afrouxou, disse que o Governo não era o PT, que ninguém pediu a ela uma guinada
à esquerda, entre outros. "Dilma fica. Pra quê?"<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">4 - Fica
para permitir a auditoria da dívida pública, por exemplo. Mas ela vetou.
Rendeu-se ao interesse do mercado. Por outro lado, contra o interesse dos
trabalhadores e sindicatos, sinaliza que vai mexer na previdência de novo. Pelo
menos foi o que disse na reabertura do Congresso Nacional, bem pertinho de
Eduardo Cunha. A Força Sindical, dividida sobre o impeachment, e a CUT, 100%
contra golpe, protestaram. Para a Força, “com a ideia da implantação da idade
mínima de 65 anos para homens e mulheres atingirem a merecida aposentadoria
depois de contribuir a vida toda, o governo inicia uma nova etapa para
desmanchar, gradativamente, o sistema previdenciário brasileiro”. Já a CUT
alega que “</span>propor algo assim é
não se preocupar com as características do trabalhador brasileiro, que ingressa
cedo na vida profissional, aos 14, 15 anos de idade. Se estabelecer a
aposentadoria apenas por idade, vai fazer com que essas pessoas, justamente as
mais pobres e que convivem com as piores condições de trabalho, precisem estar
nas empresas durante 50 anos para obter esse direito”. Neste caso, “Dilma
vaza”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
5 –Dilma não merece
o apoio dado a ela na eleição e na questão do golpe. Por outro lado, o Brasil
não merece a oposição que tem. Um grupo de políticos mais preocupado com o
poder e o ego do que em transformar o país. Falam de corrupção, mas tem seu
líder – Aécio Neves – denunciado frequentemente por causa de aeroportos e cotas
de desvio de dinheiro. Detonam um partido, mas metem a mão em merenda, em
construção de escola, em túnel de metrô. Gritam gestão, mas deixam faltar água,
sobem impostos, batem em professores e estudantes e atrasam salários. Esses definitivamente não merecem o apoio que
têm.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
#alfinetadadodia
Começo a achar que o Brasil não tem o povo que merece <o:p></o:p></div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-5682405196566618182015-10-23T09:15:00.002-07:002015-10-23T09:15:54.145-07:00Uma divindade chamada Pelé<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-Na4BVXFb5l0/VipdDnpWNvI/AAAAAAAAIb4/xa_Rs-LQ9Zk/s1600/images%2B%25284%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-Na4BVXFb5l0/VipdDnpWNvI/AAAAAAAAIb4/xa_Rs-LQ9Zk/s320/images%2B%25284%2529.jpg" width="225" /></a></div>
Não gosto do Edson. Adoro Pelé. Edson foi um menino pobre que cresceu socialmente com o fruto do seu labor, conquistando patamares imagináveis para um negro. Pelé já nasceu lapidado, senhor de si, um Buda. Edson, embora de fama, nunca exerceu sua influência para melhorar a vida ou denunciar os problemas daqueles que não tiveram mérito. Desde cedo foi cooptado. Pelé, embora negro, sempre esteve em campo a desafiar soberbas paulistas, brasileiras e européias. Desde cedo era um revolucionário. E Edson, de costas aos seus, abraçou e acariciou os poderosos, os ditadores, a turma de olhos azuis e sotaque gringo, o sonho dos outros. Edson era um cachorro de madame. Já Pelé exercia o fascínio na sua gente, na estima e nos brios, foi guerreiro, batalhador, fiel aos nossos princípios de leveza e alegria, um belo do futebol. Pelé era um vira-lata puro sangue. A Edson faltou um pouco de Diego, nas cagadas e façanhas. A Pelé, não faltou Maradona.<br />
<br />
Deixemos, portanto, Edson de lado e concentremo-nos em Pelé, que é eterno. Aí, que me desculpem os argentinos, mas não há comparação em campo. Se querem compará-lo, que seja a Gardel, que elevou o espírito da plata rabiscando pelos salões, a Che, que ousou subverter a lógica e libertar o povo, assim como Pelé libertava o grito de gol em sucessivos orgasmos coletivos.<br />
<br />
A Pelé, com resquícios de Edson, para compará-lo, tem que ser a um Wagner, de sublime composição, mas suspeito de oprimir e servir de base para os arianos, a Ludwig, das tempestades sinfônicas e do desdém à corte. Pelé se compara a Picasso nos quadros, no improviso, não ao Pablo, que seria amigo de Edson. Pelé é Shakespeare do amor ideal, do drama, é Niemeyer ao antever o futuro e o lance, Pelé se compara a Cortázar do tipo de criatura fantástica que supera o criador.<br />
<br />
Pelé não era Rei. Não há dádiva nenhuma em ser monarquia e cultivar súditos. É uma condição imutável com a qual não se tem controle. Se acostuma. Pelé é deus. Não essa divindade cristã, onipotente e onipresente. Essa figura infalível e distante da Terra. O Pelé Deus é grego. Forjado da união de Ares com Baco, apadrinhado por Iriana, abençoado por Oxalá e cativado por Obá. É aquele que põe nas canetas de Thor, que chapela Superman, afundando um agonizante Goku. E sai para a comemoração com um soco para o alto, com o punho cerrado, como aqueles que amam a luta gostam de fazer, mandando energias para o universo e deixando por aqui mais um ano, o 75, do Edson Arantes do Nascimento.Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-40438454085981302342015-09-10T15:03:00.001-07:002015-09-10T15:03:24.578-07:00Crônica: Um dia Detestável<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-mpOFsqWLiG8/VfH-DC4kXeI/AAAAAAAAHgs/Lgq0i1Zmm3Y/s1600/11998500_10204706957456031_1385248918_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-mpOFsqWLiG8/VfH-DC4kXeI/AAAAAAAAHgs/Lgq0i1Zmm3Y/s320/11998500_10204706957456031_1385248918_n.jpg" width="180" /></a></div>
Muitos fatores podem contribuir para um dia detestável. O clima é um deles. Talvez o principal. Como o dia de hoje, pós feriado, em que o céu ganhou contornos gris, as nuvens lavaram a atmosfera e os colos ganharem echarpes. As palavras poéticas, no entanto, não amenizam o quanto esse tempinho fechado é desagradável. Basta por o pé para o lado de fora, antes da esquina, e se você não estiver de galochas, as meias já ficam todas molhadas. As calças e o vestuário de cima também. Um horror. Uma lástima que cresce em desprezo quando temos que nos equilibrar para andar segurando o guarda-chuva (ou GPS de poça) numa mão e o celular na outra. Que tristeza.<br />
<br />
Mas esse dia detestável pode ser contornado com algumas medidas. Não vamos tratar aqui de carros, de táxi, de desmarcar compromissos, porque são benefícios da burguesia. Eu miro no povo. Naquele que se apequena no ponto de ônibus, que trabalha a pé, de bicicleta e afins. Para nós, nada melhor do que arrancar a roupa e tomar um bom banho. Assim, se desfaz o dia intolerante.<br />
<br />
E é certo que um dia de chuva, para muitos, não é um tão detestável. Vide a galera "deboas", que pode até enxergar um benefício no aguaceiro. Chuva enche represa de água que está baixa. É um argumento bom, embora prefira que seja utilizado apenas no pé da serra.<br />
<a name='more'></a><br />
<br />
Mas eu até concordo com a turma do 'veja bem'. De certo que quem gosta apenas de verão, só admira um quarto do ano. Os demais ciclos são detestáveis. E convenhamos, sol demais também é detestável. O clima fica seco, a gente soa demais, dá pigarro, a represa seca, a conta de luz sobe por causa do ar condicionado. Logo, uma chuvinha, para variar, cai bem.<br />
<br />
E dias ensolarados também podem ser detestáveis pelos arranjos da vida. Conto três causos curtos. Ontem, quarta, também foi um dia detestável. Nem pelo clima, mas pelo clima. Explico-me. Na Câmara dos Deputados, os nobres, rejeitaram emenda dos senadores que acabava com o financiamento privado de campanha e optaram por manter e ampliar um modelo que reconhecidamente estimula a corrupção. Ou seja, durou somente um feriado o bloqueador de malandragens da sociedade. Que detestável. Tão repugnante quanto a imagem do menino sírio morto numa praia da Turquia. Faz uma semana, se não me engano. Aquela imagem, mais do que um dia nublado serviu para tornar tudo desagradável. Não só o dia, mas toda a semana. Por fim, quem, voltando de férias, após ter seu filho nascido poderia ter um dia desagradável? Justamente o pai que foi recebido com a carta de demissão no principal jornal impresso do Paraná. É muito detestável.<br />
<br />
Em tempo: Não é o dia, mais 2015 que está sendo detestável.Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-69867235917623779392015-07-13T13:12:00.002-07:002015-07-13T13:12:46.616-07:00A equilibrista<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; color: #262626;">- Cuidado com os olhos.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; color: #262626;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial;">Foi o primeiro pensamento ao ver a mulher se equilibrando
naquele instante. A plateia sempre olha esses lances com uma dose de agonia. A
corda balançando, a equilibrista avançando, os pés trêmulos, o infinito da
vergonha sustentado pelas redes abaixo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial;">Não lembro se quando era pequeno eu torcia pela queda ou pela
chegada ao outro lado da fronteira. Agora, adulto, confesso nutrir uma pequena
torcida pela tragédia. Ela é sempre mais gloriosa. Vencer causa-nos inveja. Ver
os outros perderem nos conforta na mediocridade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-GUTTDQ-Odw0/VaQbsuZ2JTI/AAAAAAAAFtg/Lwg2X4_p2Q4/s1600/IMG_20150713_124003349%257E2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-GUTTDQ-Odw0/VaQbsuZ2JTI/AAAAAAAAFtg/Lwg2X4_p2Q4/s320/IMG_20150713_124003349%257E2.jpg" width="194" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial;">Enquanto filosofo, ela se equilibra. Não é na corda bamba. É
no ônibus mesmo. Sentada. O coletivo a tremer como um varal na ventania. Mas
ela sustenta bravamente um pequeno espelho numa mão e o delineador noutra. São
dois olhos a brilhar. É como ir e voltar no picadeiro por caminhos diferentes.
Não olha para os lados. Não pode sob o risco de riscar as sobrancelhas, o
nariz. Mas observa, pela nuca, que todos acompanham seu ato heroico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial;">O espelho dá lugar ao pote. O pincel é reposto. Tudo treme.
Mas ela não se borra, não mancha a camisa branca. Agora já torço pela sua
vitória. Torço para que o motorista não dê aquelas freadas espetaculares na
parada ou que arranque com suavidade. O mais perigoso já passou. A linha
da vergonha foi ultrapassada com louvor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Arial;">Ela utiliza um pequeno algodão para corrigir as imperfeições.
É hora de tirar os excessos, afinal, ela é uma equilibrista, não uma palhaça.
Ficou bom. Mas o público não aplaude quando ela termina. Sabe-se lá porque,
depois de todo árduo trabalho, ela colocou óculos escuros e desceu.</span><o:p></o:p></div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-15300324595897776542015-06-15T10:24:00.001-07:002015-06-15T10:24:09.441-07:00As coisas em seus lugares<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2cm;">
<span style="font-size: 16pt;"><b>As coisas em seus lugares</b></span></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2cm;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2cm;">
<span style="font-family: Book Antiqua, serif;"><span style="font-size: 13pt;"><b>1.</b></span></span></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2cm;">
<span style="font-family: Book Antiqua, serif;"><span style="font-size: 13pt;">Uma cadeira de balanço</span></span></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2cm;">
<span style="font-family: Book Antiqua, serif;"><span style="font-size: 13pt;">sustenta um corpo</span></span></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2cm;">
<span style="font-family: Book Antiqua, serif;"><span style="font-size: 13pt;">em que as idéias foram</span></span></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2cm;">
<span style="font-family: Book Antiqua, serif;"><span style="font-size: 13pt;">encobertas por uma manta</span></span></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2cm;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2cm;">
<span style="font-family: Book Antiqua, serif;"><span style="font-size: 13pt;">Uma cadeira</span></span></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2cm;">
<span style="font-family: Book Antiqua, serif;"><span style="font-size: 13pt;">Uma cadeira de balanço</span></span></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2cm;">
<span style="font-family: Book Antiqua, serif;"><span style="font-size: 13pt;">Descanso</span></span></div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-24238684301363586582015-06-09T13:04:00.000-07:002015-06-09T13:05:13.842-07:00O dedo na ferida<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-fq8TiZ4kwic/VXdGtmeTX2I/AAAAAAAAEaQ/7Hy4433UFBE/s1600/Caravaggio%2B-%2BThe%2BIncredulity%2Bof%2BSaint%2BThomas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="232" src="http://4.bp.blogspot.com/-fq8TiZ4kwic/VXdGtmeTX2I/AAAAAAAAEaQ/7Hy4433UFBE/s320/Caravaggio%2B-%2BThe%2BIncredulity%2Bof%2BSaint%2BThomas.jpg" width="320" /></a></div>
A minha crônica utilizará esta imagem. É um quadro de Caravaggio. Chama-se A incredulidade de São Tomé. Uma pintura do século XVI (1599). Portanto, antes do Iluminismo. A representação é forte e questiona a Igreja, extremamente poderoso e obscura. É um realismo muito intenso.<br />
<br />
Uso esta pintura de exemplo para comparar ao personagem crucificado na Parada da Diversidade, em São Paulo. Ambas de um realismo perturbador. E esse é um dos papéis da arte. Chocar. Provocar o debate. Tirar a sociedade da zona de conforto.<br />
<br />
A representação do travesti crucificado no lugar de Jesus é brilhante. Ainda mais porque é arte viva. É carne, osso e silicone. Traz em si também o grande debate que permeia nossos tempos. Personagens religiosos cada vez mais caricatos e preconceituosos. Tal qual os carolas do século XVI. "Pensadores" cada vez mais preocupados em fazer a faxina social do que promover a solidariedade.<br />
<br />
Do outro lado, assim como foram os cientistas, os burgueses, aqueles que não pertenciam e questionavam o clérigo, são atualmente os homossexuais perseguidos, agredidos. São esses os escolhidos como personagens a serem excluídos da nossa convivência, como um dia foram as mulheres, como um dia foram os índios, como um dia foram os índios. Por isso, a crucificação é tão reveladora. Porque desnuda. Revela na medida em que a representação é combatida com ódio e insulto e não com compreensão.<br />
<br />
O movimento colocou o dedo na ferida. Colocou o dedo no âmago da sociedade que pode optar por queimar ou por perdoar o que sequer precisa ser perdoado, apenas aceito.Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-61463452974382500062015-05-29T05:28:00.003-07:002015-05-29T05:28:56.992-07:00Crônica TT: Acordo<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">Ao ser encurralado, o ladrão entregou o carro roubado e disse: </span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">- Delação premiada!</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">Teve que ser solto.</span>Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-61447066778405651582015-05-25T09:37:00.002-07:002015-05-25T09:43:11.757-07:00Artigo: À espera de um milagre<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Não são apenas as fileiras coxinhas que sobrevivem
de indignação seletiva. Muitas vestes petistas podem ter sido picadas por essa
doença que lhes deixa febris a razão. Nem trato aqui de tapar o sol com a
peneira na questão da corrupção. O olhar agora se mira sobre a forma política e
econômica que o governo Dilma tem tratado os trabalhadores. Neste ponto tem faltado
punho e voz a muitos membros da esquerda para protestar. Parecem apenas olhar
descrentes a cada vez que o povo é traído. Parecem esperar por um milagre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A apatia na defesa da luta dos trabalhadores teve
mais uma demonstração na semana passada. A nova penitência imposta aos
brasileiros foi os cortes promovidos na saúde e educação. 21 bilhões que
simplesmente não vão para as escolas, Cmeis, UBS e UPAs, que não vão virar
livros e lápis, nem remédio, ambulância e reforço no SUS. Dinheiro (a falta
dele) que enxugará programas federais nos estados e municípios. Contudo, o
governo Dilma tem feito a lição de casa. Só que à direita. Por isso, nos
próximos dias, deve ser reprovado pelos professores federais que entram em
greve.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mesmo assim, o delírio segue mantido. Fosse um
governo liberal, de bico grande, e o efeito colateral das medidas impopulares
seria sentido nas ruas e redes sociais. Um exemplo ocorre contra os governos
Beto Richa e Geraldo Alckmin. Contra eles, as medidas impopulares são denunciadas.
Contudo, para Dilma, a militância só toma ciência das políticas através dos
jornais. Nunca é convidada a opinar; apenas a sustentar. Como pediu Marco
Aurélio Garcia em encontro do partido no sábado, 23, em São Paulo: “Temos que
propor, no imediato, que essas correções que estão sendo feitas do ponto de
vista fiscal possam efetivamente permitir que daqui uns poucos meses nós
estejamos com este problema resolvido”. Por outro lado, essa postura amplia a
surdez da direção em relação à base. Cada vez mais pouco se queixam das
decisões. Raros criticam, por exemplo, que o imposto sobre o lucro dos bancos é
"antiácido" que resultará em apenas quatro bilhões a mais aos cofres
públicos (contra os 70 bilhões do corte). Para piorar a posologia, aqueles que
divergem dessa dieta impopular ainda são constrangidos com a afirmação de que
"fazem o jogo da direita". Ao que rebate, por exemplo, Ricardo
Kotscho: “Nunca vi uma reunião do PT tão vazia como essa, quando no passado se
disputava um crachá. Isso é um sintoma grave de uma crise que nos". Nisso,
se conclui que a militância padece de inanição. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-F8BmVtzKag0/VWNQt9BCMkI/AAAAAAAADPM/7YvPwQAZJ7g/s1600/20150525090853.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="227" src="http://1.bp.blogspot.com/-F8BmVtzKag0/VWNQt9BCMkI/AAAAAAAADPM/7YvPwQAZJ7g/s320/20150525090853.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="color: #222222; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Só um milagre salva. E um milagre, em sua essência,
é atribuir a terceiros, a alguém iluminado, a solução de seus problemas. É ser
passivo diante da onda que engole suas bandeiras históricas. Contudo, enquanto a
cura dos enfermos não atinge os corações vermelhos, ajustes fiscais são
impostos, Selic sobe mais do que pressão, bisturis são lançados no lombo dos
desempregados, bancos públicos elevam suas taxas, movimentos sociais são
deixados em quarentena e o capital segue recebendo sua hóstia consagrada.</span></div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-5040170383856172822015-05-20T12:46:00.000-07:002015-05-20T12:51:33.517-07:00Sinopse: Ao som do tambor<div class="MsoNormal">
Não é só no nordeste, na Bahia, em que as religiões
afrodescendentes são cultuadas. No
sul também se mantém vivo o elo com a África e suas tradições. É o que mostra o
etnodocumentário “O Batuque gaúcho”. Ele traz uma parte pouco conhecida da
cultura do Rio Grande do Sul que foi construída pelos africanos em torno da
religiosidade dos orixás. Conhecido como batuque ou nação, a religião africana
moldou a identidade gaúcha que carrega várias referências africanas, desde as
palavras, comidas, danças, música e espiritualidade. Esse filme expõe a
ancestralidade africana contemporânea que molda o modo de vida e as relações
sociais dos que são filhos de santo e dos que não são. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O documentário é narrado com depoimentos, dança e celebração.
Ao longo da narração, além de explicar as características dos orixás, é
diferenciando a diferença do Batuque para outras religiões: “A diferença entro
o batuque e outras religiões afrodescendentes é puramente litúrgica. Ideológica
e filosoficamente são a mesma coisa. O orixá cultuado pelos gaúchos é o mesmo
cultado pelo Candomblé da Bahia, ou no Xangó, no Recife, ou no Vodum, no Tambor
de Mina do Maranhão”, explica Bàbá Hendrix de Òrúnmìlá, historiador e teólogo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/zd9L0q-um6I/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/zd9L0q-um6I?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Ficha Técnica<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="http://sismuc.org.br/videos/14/videos/4474/o-batuque-gaucho">O Batuque Gaúcho<o:p></o:p></a></div>
<div class="MsoNormal">
Produzido pelo Iphan<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
26 minutos<o:p></o:p></div>
<br />Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-89669149569888377062015-05-18T10:31:00.002-07:002015-05-18T10:31:35.288-07:00Danem-se os professores<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Yt1KEvZLRIY/VVoh5W1ELPI/AAAAAAAADK8/y5FZvPzB1Og/s1600/fodase.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="224" src="http://3.bp.blogspot.com/-Yt1KEvZLRIY/VVoh5W1ELPI/AAAAAAAADK8/y5FZvPzB1Og/s320/fodase.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Danem-se os professores e sua pauta. Estou nem aí para o
reajuste salarial dos servidores estaduais abaixo da inflação. Eu quero é saber
do meu. Não tenho filho em escola pública. Não utilizo hospital público. No meu
bairro não tem bandido e eu ainda pago segurança privada. Danem-se os
professores e se levaram bombas, se os estudantes levaram tiros de borracha,
gás de pimenta, se legalizaram o assalto à Previdência. Nada disso me diz
respeito. Por isso, eles não têm meu apoio. Nem meu repúdio. O que importa é o
meu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E no meu também tá foda. Não está fácil ser “cidadão de bem”
em nosso estado. Não bater umas panelas, sair de peito aberto e levar umas
borrachadas. Tu nem pegas o carro e já é lembrado que subiu o preço da
gasolina, que 32% desse valor é de ICMS. E antes mesmo de girar a chave, pisca
no seu painel que o IPVA subiu 40% para cobrir os rombos feitos pelo governo do
estado. Nem saiu de casa e já desiste de ir ao supermercado, pois lá também
houve reajuste de impostos estaduais no feijão e arroz. É por isso que tô nem
aí para os professores. E se no meu está complicado, imagine para quem vive de
turismo no Paraná, quando vê a Secretária do Turismo sendo fechada para cortar
despesas, quando percebe a diminuição do fluxo de turistas por causa do pedágio
mais caro do país. Esses comerciantes, microempresários, devem dar saltinhos
emputecidos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas danem-se os comerciantes do litoral ou de qualquer
canto. Eu quero saber do meu. E no meu ainda tá ruim. Porque subiram as taxas
no Detran, mas o trânsito não diminuiu. Subiu a conta de luz em 36%, mesmo eu
economizando. Subiu a conta de água em quase 13%, mas o meu consumo, não. E
também subiu o salário do governador para R$ 33 mil, dos comissionados, de seus
secretários, o lucro dos acionistas, a inflação, mas o meu poder de compra,
não. Danem-se as contas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Danem-se o povo, pois eu quero saber do meu. E no meu ainda
não entrou nenhum esqueminha. Só meu ordenado. Enquanto isso, os engravatados
do TJ, TCE, do MP recebem quatro paus de auxílio moradia e eu não tenho
dinheiro nem pra pagar a prestação do Minha Casa, Minha Vida. Os
ex-governadores e muitas senhoras ganham uma cacetada de dinheiro sem
representar ninguém. E o Justus, que tinha uma porrada de funcionários
fantasmas, segue sendo deputado. E na Receita Estadual descobrem pagamento de
propina. Puto vida, como isso indigna. Eu ali, pagando imposto direitinho,
retido na fonte, e os camaradas sonegando, subornando, desviando, pagando
campanha política, só vivendo na boquinha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Danem-se os servidores e suas reivindicações. Danem-se se
não tem política cultural, se a TV Pública é sucateada, se jornalista é
ameaçado, se empregos não são gerados, se as viaturas não têm gasolina, se os
credores estão sendo pagos com o dinheiro dos servidores, se mais uma porrada
de coisa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Danem-se vocês, pois eu também estou ferrado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
___________</div>
<div class="MsoNormal">
Manolo Ramires</div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-8400303937350075502015-05-15T13:28:00.000-07:002015-05-18T10:07:14.146-07:00Poema: San Lazaro<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Por que o povo recorre a Deus?<br />
Porque lhe faltam os seus<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><br />Se ele se embriaga de fé<br />é sinal que não crê mais no mé<br />E peregrina de ladainha em ladainha,<br />preso à religião,<br />onde busca sua salvação</span></div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">
<div style="margin-bottom: 6px;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
</div>
<div style="margin-bottom: 6px;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-sk-gXEZtuDM/VVocGriTMdI/AAAAAAAADKw/FcGcYYty3-Y/s1600/11071577_902247183173282_3728993973580212966_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="212" src="http://1.bp.blogspot.com/-sk-gXEZtuDM/VVocGriTMdI/AAAAAAAADKw/FcGcYYty3-Y/s320/11071577_902247183173282_3728993973580212966_n.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">TAQUES, Leandro. Festa de San Lázaro</td></tr>
</tbody></table>
Orai, senhores,<br />
Contra as dores<br />
Em busca dos amores<br />
Orai, senhoras<br />
Pelas horas<br />
Pelos hijos que se vão embora<br />
Orai com calma<br />
Pois a oração é a luta da alma<br />
E a procissão, o sindicato que lhe salva</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Cada um com seus martírios<br />
Com seus sacrifícios<br />
Uns atiram pedras<br />
Outros amarram às pernas<br />
Rastejam em clemência<br />
- Ora, é demência?<br />
- Não vês, que decência!</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
E segue a festa dos santos<br />
Por Cuba, pelos cantos,<br />
Entoando seus cânticos,<br />
Deixando-nos extáticos,<br />
Na festa de San Lázaro</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
__________</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Curitiba – 15052015<br />
Manolo Ramires</div>
</div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-75941143845523248182015-05-11T13:41:00.001-07:002015-05-11T13:41:10.650-07:00Artigo: Cenário nebuloso<div class="MsoNormal">
O brasileiro não tem culpa. Seja ele dono de um título de
eleitor ou não. Cada dia que passa se torna mais difícil até para os “entendidos”
saber ou prever como vão agir os partidos e as massas em diversos níveis. Se
for governo, aperta; se for oposição, se taca pedra. Minimiza seus erros
achando culpado alheio e se vangloria de .... é, não há do que se enaltecer no
momento.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A postura dos partidos e dos políticos é um samba em
descompasso. É o caso do PT, que condena Beto Richa pela violência, mas que
freou na força a greve dos caminhoneiros. Partido contra a terceirização, mas
que não puniu o PMDB quando votou a favor. Sigla que apoio o ajuste fiscal e
olhou feio para o PDT, que nesta pauta, foi contra.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E o PSDB não vai longe. No Congresso, como oposição diz que
defende o trabalhador. Mas nos estados, como São Paulo e Paraná, aumenta
impostos e taxas e senta a borracha em professor. E flerta com a extrema
direita, mesmo querendo pousar de social democracia. E se envergonha de
aplaudir o governo Dilma por medidas que ele mesmo tomaria.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas a confusão, ao eleitor, não se restringe aos dois
partidos. Ela se espalha pelo Brasil. Como não elogiar o prefeito Gustavo Fruet
quando abriu as portas da Prefeitura para abrigar os feridos da Batalha do
Centro Cívico? Mas essas mesmas palmas seriam mantidas se soubessem que o
prefeito não valoriza o salário base dos servidores municipais, promove calote
na saúde e educação, não tem coragem de romper com grupos políticos que sugam a
cidade como no transporte? Menino bom ou menino levado?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Neste descompasso da política também entra a sociedade. Povo
que vaia a Dilma num dia e no outro se solidariza com o professor. Povo que
protesta por educação, mas não critica governador violento. Na mesma esteira
entram os sindicatos e movimentos sociais. Apoiar o governo contra o perigo do
retrocesso ou Romper com um governo que utiliza os movimentos sem contrapartida
para se segurar em Brasília? Eis a questão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
De um lado, o cenário é nebuloso. Mas de outro, há algum tempo
a política não estava tão intensa na boca do povo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
_________<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
#alfinetadodia E a taxação das grandes fortunas, saiu da
pauta do governo federal?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
#Bolsadeapostas Os deputados vão protocolar o impedimento de
Beto Richa: ( ) Sim ( ) Não ( ) Já que a vaca tossiu, é mais fácil chover
canivete.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
#pingafogo no zap zap. Alguém sabe por que os vereadores de
Curitiba precisam de carros novos?<o:p></o:p></div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-46694686393419359352015-05-08T10:23:00.001-07:002015-05-08T10:23:34.402-07:00Artigo: Cai um covarde<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Sei que não se deve bater em quem
está caído, como fez o Choque no dia 29 com os manifestantes. Contudo, não há
como deixar de se observar que Fernando Franceschini é um político covarde.
Covarde na prática, não na valentia. Não a toa cabe-lhe o apelido “Valentão do
PIG” e “Batman das Araucárias”. Pois sua carreira se sustenta em um imenso gogó
e em pouca ação política construtiva. Cinco episódios recentes confirmam a característica
de covarde.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O primeiro deles foi realizar uma
campanha política ausente de propostas e centrada no ódio e no preconceito.</span>
Não se via em sua plataforma qualquer discurso ou iniciativa relacionada à
redução da violência, uma vez que é policial federal. A escolha de
Franceschini, pelo contrário, foi no sentido de marginalização dos movimentos
sociais, no discurso fácil da redução da maioridade penal e, principalmente, no
ataque a um partido político sem oferecer qualquer alternativa de
desenvolvimento como reforma política e partidária. Com o bordão “Fora Dillma e
leve o PT junto”, ele se elegeu com votos reacionários e conservadores.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O segundo episódio de covardia
ocorreu quando ele, já secretário de segurança pública, aparece em programa
policial com uma pistola na cintura. Imagem digna de pistoleiro, de faroeste.
Na conversa, o conteúdo era o que menos importava. A escolha foi pelo
convencimento através da intimidação. Muita gente aplaudiu a atitude, afinal,
bandido bom é bandido morto e a lei se fazia presente. Contudo, o revólver
pendurado na cintura impede que quem está do outro lado possa fazer um
confronto de ideias sem temer o saque da arma</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-2RO5J2x56wI/VUzwjbNl41I/AAAAAAAADIY/4jNBbLUyjqc/s1600/fujc3a3o-hedmilton-rodrigues.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="191" src="http://4.bp.blogspot.com/-2RO5J2x56wI/VUzwjbNl41I/AAAAAAAADIY/4jNBbLUyjqc/s320/fujc3a3o-hedmilton-rodrigues.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Por outro lado, é justamente o
terceiro momento em que a aparente valentia se transforma em covardia. Isso
ocorre quando a ‘autoridade’, durante a primeira greve dos professores, é
impedida por um professor de permitir a entrada dos “Deputados do Camburão”
para votar o saque na previdência. A imagem de Franceschini, se escondendo
atrás da tropa, dá a dimensão de uma sociedade que grita muito, bate panela,
mas no mano a mano, se esconde até do debate.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Fuga que se repetiu ao tentar se
eximir do massacre nos servidores públicos culpando a mesma tropa. Ora, até as
capivaras de Curitiba sabiam que havia sede de vingança, que o forte aparato
policial e às duas horas de bombas visavam também restabelecer a imagem da
autoridade pública. Contudo, o que a covardia bombada não previa era a
musculatura da opinião pública. Do pior jeito, Franceschini aprendeu que não
basta se segurar em uma campanha anti-partidária para ter apoio da sociedade.
Ao perceber isso, pois a culpa na PM, que se rebelou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O último ato de covardia se
desenhou ao tentar ficar no cargo. Ao implorar, segundo fontes oficiais, ao
governador para ser mantido. Afinal, o Batman não podia ser derrotado e
Curitiba City não podia ficar a mercê dos malvados Black blocs – mais este
clichê sustentando por Franceschini. Tivesse saído, feito elogio a tropa e
admitido alguns excessos, poderia manter em estima para muitos a sua imagem. Sairia
injustiçado. Mas preferiu rastejar e acusar as forças policiais. Como servidor
público, ele deveria conhecer a máxima: “governantes passam, a instituição fica”.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #262626; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Agora, enfim Franceschini cai como
covarde. Ou é empurrado por outro covarde um pouco mais forte que anda balançando. </span><o:p></o:p></div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-39411894310891974722015-04-30T07:19:00.003-07:002015-04-30T07:21:41.917-07:00Crônica: A ordem é atacar<div class="western" style="line-height: 0.4cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="color: #262626;">Parte
1 – O Massacre</span><br />Parte 2 – A guerra de
informações</span></div>
<div class="western" style="line-height: 0.4cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;">Parte
3 – As bombas na mente</span></div>
<div class="western" style="line-height: 0.4cm; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="LEFT" class="western" style="line-height: 0.4cm; margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #262626; font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 0.4cm;"><b>Parte
1 – O Massacre</b></span></div>
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><br /></span>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-PecIudQypIU/VUI52QVKXHI/AAAAAAAADHY/8hQ-QXOv3YQ/s1600/10418306_895211250543542_6376465178138966208_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-PecIudQypIU/VUI52QVKXHI/AAAAAAAADHY/8hQ-QXOv3YQ/s1600/10418306_895211250543542_6376465178138966208_n.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Leandro Taques</td></tr>
</tbody></table>
<div align="LEFT" class="" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; line-height: 0.4cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="color: #262626;"> "Os senadores não conseguiram suspender a votação". A fala no caminhão de som ecoou como uma senha. Um curto silêncio. Um arrepio na espinha. Começou. Tiros e bombas estouram. A massa começa a recuar. Para. Parece que foi só um curto confronto na linha de frente. “Resistência”, diz, dizem. O pelotão civil desorganizado retoma a fileira. Do outro, lado, organizado, o Choque chega. Tiros. Sem violência. Bomba de gás. Gritos. Jato de água. Corre corre. A fumaça sobe. Os olhos vertem lágrimas de medo, de irritação. Tiro. Bomba. Covardia. Os feridos já aparecem. Costelas marcadas. Costas marcadas de tiro de bomba. Rostos cicatrizados. “Ambulância, ambulância, por favor”. Choque segue avançando. Bomba. Safadeza. A massa foge por onde dá. Os blocs, que mais tarde serviram de bode expiatório para truculência estatal, aventuram-se a resgatar feridos. Tiros. Bomba. As mochilas novamente se abrem. Não tem coquetel molotov. Mais vinagre, panos, magnésio são compartilhados. As espingardas são miradas em direção aos manifestantes que devolvem mirando seis celulares. Mais tarde, se verá vídeos e fotos de pessoas tentando enfrentar no peito a força policial, de jovens escondidos atrás de papelões, da realidade que desmentirá a versão do governo.</span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; line-height: 0.4cm; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="LEFT" class="" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="color: #262626;"><span style="line-height: 0.4cm;">Bombas, tiros. A multidão já recuou mais de 100 metros. Se acumulam, </span><span style="line-height: 15.1181106567383px;">espremidas</span><span style="line-height: 0.4cm;">, no contorno da Loba. A Prefeitura de Curitiba vira hospital de campanha. O Choque e o Caveirão seguem avançando. De repente, tudo para. Sessão suspensa. A massa vibra. “Um deputado foi mordido por cachorro”, informam. “Um cinegrafista também”, completam. A massa está entusiasmada. Sabe-se lá porque, tenta avançar. </span><span style="line-height: 15.1181106567383px;">Creem</span><span style="line-height: 0.4cm;"> que voltou juízo ao comando do governo do estado. Já se passou mais de uma hora de ataque, de massacre a professores, servidores estaduais, estudantes, sindicalistas e imprensa. Mas o festejo foi curto. O helicóptero da PM, que mais cedo fez vôos rasantes para virar barracas, aparece se deslocando de lado, como beija-flor do caos, e bombas começam a cair novamente na cabeça das pessoas. A massa protesta, o Choque não hesita. Talvez aquelas máscaras sejam vedadas contra o som. Não escutam nada, sequer uma senadora da República apelam que parassem.</span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; line-height: 0.4cm; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="LEFT" class="" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="color: #262626;"><span style="line-height: 0.4cm;">Tiros. Bombas. De dentro da Assembléia Legislativa, o presidente ordena que votem, pois o conflito é lá fora. Deputados do Camburão que em fevereiro ficaram com o cu na </span><span style="line-height: 15.1181106567383px;">mão</span><span style="line-height: 0.4cm;">, agora comemoram. A ordem é atacar. A motivação é a vingança. Nas redes sociais já circula a frase: pede intervenção militar e é tratado com educação, peça Educação e ganha intervenção militar. Ninguém os segura. Os milicos e sua sanha por </span><span style="line-height: 15.1181106567383px;">violência</span><span style="line-height: 0.4cm;">. Conforme evacuam o perímetro, sobra espaço pela lateral, na Praça Nossa Senhora de Salete. Mas ninguém se atreve a avançar. Por trás, do ângulo dos agressores, no Palácio do Governo o clima era de total segurança. Ali se podia ver as manobras militares. Os grupos se revezando na proteção de si próprios enquanto outros partiam para o ataque. Alguns PMs pareciam estar constrangidos. Mais tarde se noticiaria que pelo menos 17 foram presos por se negarem a cumprir ordens. "Ordem e progresso" de bater em professores. Mas outros PMs riam ou conversavam sem remorso. Enquanto isso, caixas e caixas eram trazidas com munições. Balas de borrachas.</span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="color: #262626;"><span style="line-height: 0.4cm;"><br /></span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="color: #262626;"><span style="line-height: 0.4cm;">Bombas de gás. Mais de 1500 disparados. A Assembleia Legislativa virara um paiol. Ao invés da casa do povo, depósito do fogo. Lá se vão duas horas de massacre. Algumas pessoas, cinco, passam presas. São os bodes expiatórios. O Choque, após avançar até a Prefeitura de Curitiba, uns 500 metros, sem sequer ter retrocedido, enfim para. Outro senador da República protesta. A tropa se recolhe. A massa novamente avança, mas sem qualquer alarido. Acabou. A votação sequer começou, mas a resistência fora completamente contida. No chão, capsulas e mais capsulas de balas, sobras de bombas. O povo recolhe os artefatos como troféu. O rapaz do churrasquinho de gato se posiciona novamente. O preço é o mesmo. Agora, com "aroma de pimenta da PM", anuncia. As pessoas vão embora. O caminhão de som anuncia os presos, os feridos e para quais hospitais foram enviados, as caravanas que partem, os pertences encontrados, a esperança vencida. </span></span></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="color: #262626;"><span style="line-height: 0.4cm;"><br /></span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="color: #262626;"><span style="line-height: 0.4cm;">Termina o massacre. Começa a guerra da informação.</span></span></span></span></div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-18552862822244832192015-04-28T05:00:00.000-07:002015-04-28T05:00:10.481-07:00Richa agarra a Ditadura<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-ETgI9hRB3Vk/VT919rSX5BI/AAAAAAAADHA/5MlXzixX-WI/s1600/11193375_832296376865411_6483160016500052268_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-ETgI9hRB3Vk/VT919rSX5BI/AAAAAAAADHA/5MlXzixX-WI/s1600/11193375_832296376865411_6483160016500052268_n.jpg" height="148" width="320" /></a></div>
A minha crônica teria o tom ainda ameno. Embora o sangue esteja pulsando, os dedos tremendo e a vontade impulsionando, não queria elevar o tom contra o governo por perceber que os governantes já não são tão capazes de manter o juízo. O título da crônica, nesta perspectiva, seria "Beto Richa flerta com a ditadura".<br />
<br />
Os elementos para enxergar isso, durante o primeiro dia de greve, 27 de abril de 2015, são muitos. Simulação de uma votação dentro da assembleia legislativa. Perímetro do Centro Cívico sitiado. Justiça agindo para oprimir. Indignação coletiva calada por uma pistola que a qualquer momento pudesse falar quando fosse acionado. Ao cidadão, a aquele que perde um direito, é dever protestar, é lícito até perder o controle. Ao Estado, senhor de si, dono do monopólio da força, não pode agir ou reagir a uma pedrada, a um olhar feio, a um breve xingamento.<br />
<br />
E a desproporção de força era tão grande que não houve confronto ao longo do dia. Mas houve surra. Um verdadeiro lixamento moral em todos os manifestantes, impotentes que estavam ao ouvir (ver fora impedido) os deputados aprovando o assalto de seu futuro. Havia sim uma e outra manifestação, palavras de ordem, mas o clima geral era de velório. Era a morte da democracia. E toda vez que um companheiro, um camarada de luta nos deixa, é obrigatório dizer: presente.<br />
<br />
De lamento em lamento seguiria a vigília, rolaria a madrugada. Mas Beto Richa desistiu do flerte com a repressão e tomou a força à Ditadura em seus braços. E agora não há mais como conter as palavras sem temer que elas sejam apagadas a base de borrachada. O governo atravessou a linha que ele mesmo montara. Insatisfeito que está em apenas vencer, Richa quer eliminar e humilhar essa resistência e qualquer outra que venha a ocorrer no futuro. Não há trégua. O padrão da força e medo está estabelecido. Sua prova foi agir na surdina, no meio da madrugada, longe da imprensa e quando a maioria dorme. A tropa foi para o ataque. Choque, gás de pimenta, tiros. Tudo isso em um cenário em que cadeias estão superlotadas, que a corrupção é abafada, que jornalistas são exilados.<br />
<br />
O que fazer? Resistir. A mão treme indignada, a verdade foi sequestrada, o medo é o padrão, mas o coração ainda pulsa.<br />
______<br />
Foto Leandro TaquesManolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-76577067214041406452015-04-10T19:26:00.002-07:002015-04-10T19:26:41.577-07:00É curto I PedalarPEDALAR<br />
Adiante e constante<br />
Sem agouros pelos logradouros<br />
De combustão, só transpiração<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-3Cin0cuOF2o/VSiGGsMjKvI/AAAAAAAADFo/WELlQsMafT8/s1600/pedalar.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-3Cin0cuOF2o/VSiGGsMjKvI/AAAAAAAADFo/WELlQsMafT8/s1600/pedalar.jpg" height="250" width="400" /></a></div>
<br />Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-23266631580700483682015-04-10T19:16:00.001-07:002015-04-10T19:16:08.276-07:00É curto: Silêncio<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/--54LYHp7cbk/VSiD2AzLOII/AAAAAAAADFc/-7zwPycVANE/s1600/silencio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/--54LYHp7cbk/VSiD2AzLOII/AAAAAAAADFc/-7zwPycVANE/s1600/silencio.jpg" height="400" width="251" /></a></div>
<br />Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-30441231534933158302015-03-25T13:28:00.003-07:002015-03-25T13:28:23.467-07:00Inédita lembrança – trecho de um filme futurista<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-tI2ABHK-gTQ/VRMaKV9UuLI/AAAAAAAADCE/mWxT9iWRTn0/s1600/In%C3%A9dita%2Blembran%C3%A7a.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-tI2ABHK-gTQ/VRMaKV9UuLI/AAAAAAAADCE/mWxT9iWRTn0/s1600/In%C3%A9dita%2Blembran%C3%A7a.jpg" height="239" width="320" /></a></div>
<span style="background-color: white; font-family: Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"> ...nos dias quando fazia sol, a sociedade e o mundo já se haviam acabado, era seu hábito escolher, no jogo de dados, um dos pontos da cidade abandonada que lhe despertasse alguma forma de recordação. Bastava traçar um mapa, eliminar os pontos já lembrados anteriormente, já imersos e submersos, e partir em busca de novos passados e velhas vivências. Pesadas, maciças, densas, recuperáveis a certo preço. Podia ser alguma casa onde viveu, alguma várzea onde brincou com a filha, algum vazio de mesa e cadeira onde o amor. Escolhia as tardes sem nuvens, normalmente nos invernos. Já se haviam passado vários deles. Perdera a conta. Ele, na condição de um dos últimos remanescentes, encontrava essa maneira de estabelecer alguma conexão com os fatos, em um planeta que já não vivia mais de fatos. Há anos ele se revezava entre os dias quando ficava escondido na sua toca contra qualquer possível inimigo e também contra a umidade do ar. E o restante das horas era dedicado a buscar referências afetivas. O que podia ser tedioso tornava-se excitante, um estranho empirismo, buscado ao inverso, essa procura em vôo cego de pedaços de mundo que ele já nem se lembrava que se lembrava. E assim sua vida não parecia sem perspectiva e o caminho o projetava para seguir traçando o mapa. Dia a dia, novos lugares vividos saltavam aos olhos, o forçavam a deter-se em frente. E ele aguardava ansioso pela inédita lembrança....</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica, sans-serif;"><span style="background-color: white; font-size: 18.6666660308838px;">____________________</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica, sans-serif;"><span style="background-color: white; font-size: 18.6666660308838px;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica, sans-serif;"><span style="background-color: white;"><i>Por Pedro Carrano</i></span></span></div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-71953895602984255512015-03-04T11:10:00.003-08:002015-03-04T11:10:31.692-08:00Crônica: Estádios e lutas popularesPor Manoel Ramires<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-OJJTw618qhI/VPdYk-E5H7I/AAAAAAAACPM/9IoRjoR28bs/s1600/professores.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-OJJTw618qhI/VPdYk-E5H7I/AAAAAAAACPM/9IoRjoR28bs/s1600/professores.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Atualmente o Paraná Clube é considerado o primo pobre dos
clubes da capital paranaense, atrás de Atlético Paranaense e Coritiba. Mas nem
sempre foi assim. Sendo resultado da fusão do Pinheiros e Colorado, que também
vieram de outra fusões, o time foi seis vezes campeão estadual em dez
anos. Possuía a maior sede social e seus
frequentadores pertenciam à elite curitibana. No entanto, essa história foi se
diluindo e o time de futebol atravessando más fases, estando há sete anos na
Série B do futebol nacional e correndo o risco de fechar no fim do ano, segundo
um diretor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Seria um final trágico para o tricolor da Vila Capanema,
cujo estádio, Durival Britto e Silva, que era superintendente da Rede de Viação
Paraná-Santa Catarina, foi uma doação para o time de futebol formado por seus
funcionários, em 1947. Contudo, uma nova áurea pode ter atingido o estádio
nesta data: 4 de março de 2015. Neste dia, cerca de 20 mil professores rejeitaram
a proposta governamental e decidiram continuar greve contra atrasos salariais e
a tentativa do governador Carlos Alberto Richa de se apropriar da Previdência
dos trabalhadores.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Agora, a Vila Capanema se une a seleta história de estádios
de futebol que foram utilizados a favor da luta dos trabalhadores, na luta de
classes. Um deles foi São Januário, do
Vasco da Gama, na década de 1940. O Gigante da Colina abrigou as festividades
do 1º de Maio em 1941, 42, 43, 45 e 51, promovidas por Getúlio Vargas. Foi
neste estádio, por exemplo, que foram anunciadas a criação do salário mínimo e
da Justiça do Trabalho. Com média de público de 40 mil pessoas, ocorriam
discursos e partidas de futebol, inclusive de times sindicais, como em 1945.
Cabe destacar que o Vasco da Gama foi o primeiro clube a permitir negros no
campo futebol (honra disputada com Bangu e Ponte Preta na década de 1920).</div>
<a name='more'></a><o:p></o:p><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se o uso político de estádios de futebol por Getúlio Vargas
era considerado positivo para sua imagem na capital da República, Rio de
Janeiro, o mesmo não ocorria em São Paulo. O estádio Paulo Machado de Carvalho
foi inaugurado em 27 de abril de 1940 e Vargas recebido por enorme vaia dos
paulistas. Eles estavam insatisfeitos com o fracasso do golpe dado na chamada Revolução
Constitucionalista de 1932. Por outro lado, esse mesmo Pacaembu abrigou evento
das centrais sindicais em 2011 e em defesa da pauta dos trabalhadores.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Outro estádio emblemático da classe trabalhadora é o 1º de
Maio, em São Bernardo do Campo. Era
período da Ditadura Militar e os metalúrgicos já haviam realizados greves em
1978 e 1979. Nessa época, como registra o site ABC de Luta, as greves e as
manifestações públicas contra a alta dos preços cresciam cada vez mais. Nesse
contexto, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, em
greve desde o dia 1º de abril (90% da categoria paralisada), com a diretoria
cassada e sob a proteção da Igreja, convoca o 1º de Maio para o Estádio da Vila
Euclides, sob as bandeiras da “liberdade e autonomia sindical, direito de
greve, garantia de emprego, salário mínimo nacional real e unificado, contra a
carestia”. Foi esse movimento, inclusive que fundou o Partido dos Trabalhadores
e promoveu o sindicalista Luís Inácio Lula da Silva, mais tarde se tornando presidente
da República, em 2002.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>|Perversidade<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
Os estádios de futebol também foram utilizados contra a luta
dos trabalhadores e dos defensores da democracia. Um desses casos ocorreu na
Ditadura Militar chilena de Augusto Pinochet (1973). O Estádio Nacional Julio
Martínez Prádanos, mais conhecido como Estádio Nacional, serviu de cadeia para
cerca de 40 mil presos políticos. No local, os oposicionistas eram torturados e
mortos, como o jornalista norte americano Charles Horman (ver filme Missing, de
Costa-Gavras) e o artista e músico Víctor Lidio Jara Martínez, que foi
assassinado no Estádio do Chile e seu corpo jogado em um matagal, conforme
revela a Comissão da Verdade e Reconciliação do Chile, em 1990.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>|Recomeço<o:p></o:p></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Embora a função social dos estádios não seja abrigar
assembleias sindicais, o seu clima se confunde muito com a luta dos
trabalhadores. Pois há disputa por uma pauta, por um gol, por uma agenda, por
uma vitória. Alegrias e emoções, decepções e agonias se misturam. Há também uma
grande diferença e uma grande consciência. O antagonismo é de que o jogo é
jogado nas arquibancadas e não no gramado e a semelhança é sobre a imprevisibilidade
do resultado. É isso que apaixona no futebol e na greve.<o:p></o:p></div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-15002365837646795712015-03-04T09:57:00.001-08:002015-03-04T09:57:11.204-08:00Maria, Marianela, Marieta. Narrativa de uma mulher salvadorenha<i><b>Por Pedro Carrano</b></i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-oqVIGGgMSFA/VPdHZau5ALI/AAAAAAAACO8/U_Iut1jAqUk/s1600/10997053_10152582814087554_1659931399_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-oqVIGGgMSFA/VPdHZau5ALI/AAAAAAAACO8/U_Iut1jAqUk/s1600/10997053_10152582814087554_1659931399_n.jpg" height="220" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E Maria não se dava
conta. </span></b><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De tão
acostumada, não punha os olhos em alerta, nem os ombros tensos, nem tinha o
silêncio de espanto como aquele nosso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Éramos nós quem apontávamos as contradições: galerias
comerciais imensas, contornadas pelo néon das grandes redes de comida rápida.
Indígenas baixinhos defendendo farmácias e lojas com fuzis M-12. Senhoras
carregando a bolsa com as duas mãos, na frente do corpo. Muitos telhados e
paredes de zinco à beira das ruas, das estradas, dos morros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em San Salvador, o túmulo do bispo Oscar Romero fica
escondido no subsolo da igreja central, enquanto os fiéis e as mercadorias
transitam livres pelos mercados populares.</span></div>
<a name='more'></a><o:p></o:p><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E Marianela apenas ria. O sorriso quase completo de dentes.
Os olhos adolescentes na cara enrugada pelo trabalho e talvez pelo clima desse
pequeno terreno entre dois oceanos. O começo da vida fugindo da guerra,
carregada pelas montanhas adentro. A outra parte numa fábrica maquiladora de
roupas. E agora a militância na organização de mulheres <i>maquileras</i>. Insistia que nós dois, eu e Venâncio, tínhamos cara de
criança e éramos branquelos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">– Fui estrupada com seis anos durante a guerra pelos soldados
do exército. Quando eu já tinha vinte, me agarraram na saída do colégio. De
novo. Daquela vez foram os <i>maras </i>(gangues),
Marina dizia, naquele ônibus da linha 26 em alta velocidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eu e Venâncio mantínhamos aquele nosso silêncio desarmado. E
os olhos para fora, fugindo dos olhos de Marieta. Com uma naturalidade dolorosa,
eles buscavam prender-se nos nossos, rindo sempre. Venâncio estava em pior
condição, de pé naquele ônibus escolar datado de alguma década perdida.
Resultado: as janelas eram muito baixas e meu amigo não tinha muito para onde
olhar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- Meus irmãos, os dois morreram na guerrilha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não sabíamos como dizer a Marieta: mas as coisas, a vida da
gente são rios que se chocam por dentro com outras correntes, por baixo da
superfície. Mas assim mesmo ela insistia em perguntar por que tínhamos deixado
o Brasil, por que estávamos no menor país de toda a América. Queria, talvez,
uma cronologia e uma sequência. O que não tínhamos ou então não queríamos dar a
ela uma resposta confortável. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Um ciclista quase foi atropelado no viaduto pelo nosso ônibus
desenfreado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Éramos rápidos em escapar dessas situações e delimitar as
coisas a ferro e fogo. Venâncio apelava para a política. Marianela não gostou
quando voltamos a perguntar sobre as eleições. O ônibus parava, precisava
novamente lotar de passageiros. O tempo se estendia naquela ilha de calor. San
Salvador era atravessada de cabo a rabo, margeávamos lentamente um vulcão
adormecido. A região de fábricas maquiladoras, San Marcos, para onde Marieta
prometeu nos levar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">–Estou melhor. O trabalho com as mulheres também me ajuda. O
psicólogo também. Adivinhem: estou apaixonada por um de vocês dois, adivinhem
qual.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">San Marcos fica em frente ao ponto final da linha 26, em um
mercado com telhados a perder de vista, ao lado de um comitê do partido oficialista
da época da ditadura. Ela nem quis saber se estávamos com a direita neoliberal
ou com a esquerda moderada nas próximas eleições de março. Venâncio, empolgado
com a pele, carne e ossos do novo idioma, divertia-se como criança com aquele
velho brinquedo de explicar a tal da palavra saudade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">– Vocês são loucos, querem dar a vida por este país. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Era preciso organizar tudo, colocar as perguntas em ordem,
cumprir o questionário coerente com a nossa reportagem. As trabalhadoras
deixavam algum dos vários galpões de produção. Conheciam e saudavam Maria.
Quatro da tarde, as poucas que cumpriam a meta diária de 700 peças de roupa
podiam deixar a fortaleza protegida de guardas. Admiravam o trabalho atual de
Marieta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">– Conseguiu sair deste inferno, que bom, hã.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Algumas saíram, outras voltam. Sempre voltam ao ponto de
partida. Na avenida, um caminhão carregado de cana-de-açúcar quase nos
atropela. O campo de futebol ali perto era de terra branca. Meninos nos
distraíam – entre um silêncio e outro – jogando terrivelmente mal, no país que
se orgulhava de ter sofrido a maior goleada da história de uma Copa do Mundo. O
final de tarde devia trazer para todas elas, Marias, Marietas, Marianelas, um
certo alívio cortado entre o fim do serviço e a consciência da chegada do dia
seguinte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">– Temos que dormir por aqui perto, em um quarto alugado.
Somos todas de povoados, que ficam muito longe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Somos apresentados a Carmen. Naquele momento ela tentava
controlar a mandíbula trêmula. O rosto índio encarregava de afastar qualquer
dramatismo. Mas era dor e ódio o que exalava. O gerente da sua equipe de
trabalho colou uma tartaruga na máquina de costurar de Carmen. Para as mais
produtivas era colado um furacão. O pior não era isso: a compensação das metas
e o sábado a tarde passados dentro da masmorra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Amaya estava grávida de oito meses, tomando uma Coca no
mercado. Falou nos Estados Unidos, destino do final de ano. A crise, o
desemprego, a deportação diária e os mais de três mil quilômetros de distância
não eram piores do que aquela coreana de topete, que deixou a fábrica
maquiladora a bordo de um Toyota reluzente. A verdade é que rosnamos juntos
para a proprietária.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">– Dizem que as grávidas não são deportadas pela migração
gringa. Talvez os caras cobrem uma propina. Meu marido e meus irmãos já estão
lá. Em El Salvador também já estão demitindo e não há trabalho para os homens.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O segurança da fábrica maquiladora estava tomando fotos,
apontava o dedo para o resto da sua equipe, fixava a nossa cara. O cotidiano
não cobrava nem uma dose de espanto a Marieta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">– Vocês querem ir embora? Está escurecendo e ficando perigoso
aqui, riu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O trajeto de retorno se dissolvia na cidade noturna, pontuada
de luz à sombra do vulcão. Os relatos concretos marcavam o compasso dos nossos
pensamentos solitários. Como foi a despedida de Maria não está bem certo na
minha memória. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Se não me engano, ela perguntou a Venâncio como foi o nosso
final de semana passado, a praia de La Libertad, o azul do Pacífico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">San Marcos, El Salvador, janeiro de 2009. <o:p></o:p></span></i></b></div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-39714924034310266992015-03-03T11:02:00.000-08:002015-03-25T13:31:17.515-07:00Poema: Amar no improviso<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-0aqbZCEo6z4/VRMbChxw6PI/AAAAAAAADCM/fmUH0gCLSwg/s1600/10993115_622203007912339_5424897682729093084_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-0aqbZCEo6z4/VRMbChxw6PI/AAAAAAAADCM/fmUH0gCLSwg/s1600/10993115_622203007912339_5424897682729093084_o.jpg" height="212" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Amar, não obstante que seque minha alma,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
quero constante e sem calma<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Dar mil passos em sua direção,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
sempre seguindo sua rotina,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
pela qual tenho predileção<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Amar sem responsabilidade,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
sem idade,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
sem aposentadoria<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
ou pensão<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ver os anos chegando,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
suas marcas em desalinho,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
o carbernet desse vinho,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
que degusto em encanto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Amar de peito aberto,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
sincero,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
ou nem tanto,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
minimizando o pranto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
e ampliando o afeto. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Amar de improviso e sem cura<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
deste sentimento de eterna candura<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Manolo Ramires – 03.03.2015<o:p></o:p></div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-41114129492615658542015-02-23T09:34:00.000-08:002015-02-23T09:38:45.288-08:00Crônica. Gentil e os nossos fragmentos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-dQ-eL38SK6c/VOtkaqmzRHI/AAAAAAAACLQ/QeEOqbjp_3U/s1600/gentil.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-dQ-eL38SK6c/VOtkaqmzRHI/AAAAAAAACLQ/QeEOqbjp_3U/s1600/gentil.jpg" height="296" width="320" /></a></div>
Por Pedro Carrano* <span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">(um aceno a um dos melhores seres humanos que conheço)</span><br />
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<i>´Só serão salvos os que forem flechas /capazes de uma nova ilusão / nada tem fim se ardes /o colosso celeste nas ondas futuras.<br />Só serão salvos os que soprarem /no carvão musical a sede´, Fernando José Karl.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
</div>
<div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
</div>
O ônibus passa em frente às estações-tubo, com certo risco de espremer alguém entre a velocidade das portas.<br />
<div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
As janelas me conduzem a alguma distração nesse começo de 2015 de tantos apontamentos.<br />
Ainda era 2009. Minha filha conseguia se equilibrar em um só antebraço. Gentil entrava em casa. Pequeno, veloz. A cabeça altiva, comandando e bem logo desfazendo a aparência de um corpo limitado e frágil.<br />
<a name='more'></a></div>
</div>
<div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
Tinha voracidade de conversas. Era ágil. Em um pulo, adentrava em algum assunto da política, enquanto opinava sobre a qualidade da culinária que vinha ensaiando nas manhãs daqueles dias, no cuidado com a família. </div>
</div>
<div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
Os dedos um pouco trêmulos. Os óculos garrafais e cativantes de alguma época que insistia em permanecer e ter vida. Sem saber bem suas artes e métodos, quando se notava Gentil já fazia parte da sua vida e havia construído uma amizade de anos em poucos dias. </div>
</div>
<div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
Na verdade, desde antes ele era conhecido de relatos e todos já sabíamos o quanto ele já fez feito pelas questões sociais. Mas isso era narrado sempre pelos outros. Gentil preferia telefonar sempre para dizer coisas urgentes. Não se autoproclamava, não perdia tempo com “palabras largas ni aniversarios”, como diz a canção de Viglietti. </div>
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<div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
Hoje, 2015, uma greve de professores. O descontentamento com a política. O aumento do preço de várias tarifas. A política volta a entrar na boca e na opinião de cada pessoa. A encruzilhada entre reformas populares ou o naufrágio. Coube à geração de Gentil o esvaziamento das ruas. Hoje, o ar de cada parada nas estações é diferente. </div>
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<div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
- Teve uma vez, seis da manhã, éramos só nós conversando na garagem dos trabalhadores da coleta de lixo. </div>
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<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
Irritava-se com falta de seriedade e organização. Discordava de maneira sempre frontal. Logo se corrigia com um gesto afetuoso, sem abandonar suas verdades e posicionamentos. Em pouco tempo, tornava-se, torna-se, um pedaço da vida de cada um. Trazia novidades. Inventava saídas. Quando era preciso, recorria a um papel para explicar uma ideia. Sem ser um escritor, mas um desenhista, no ar e no papel, de muitos gestos. </div>
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<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
As cartas foram chegando da penitenciária estadual nos últimos anos, escritas em letras garrafais, com o carimbo da censura e vistoria do estado. Da parte de Gentil, nenhum dramatismo, apenas a busca de caminhos, soluções, apontamentos para uma vida futura. O bom humor e a auto-ironia com a própria situação difícil, contando também o trabalho de assistência e preocupação com outros presos. </div>
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<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
Há cinco anos, Gentil aguarda julgamento, ao lado de Adir e Dirceu, agendado para o dia 24 de fevereiro. Em um país de reforma agrária engessada e conflitos agrários não resolvidos, de homens e mulheres abandonadas nos cárceres -, muitas vezes literalmente pelo roubo de uma galinha –, anos à espera de uma sentença. Os presídios hoje são masmorras lucrativas, vide a máfia das empresas de alimentação. </div>
</div>
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<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
No programa do Ratinho, uma jornalista defende o endurecimento. Meu olhar abandona a janela do ônibus. No banco de trás, alguém comenta que ela estava correta. </div>
</div>
<div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
Na cidade de janelas, velocidade e mensagens, eu pensava que Gentil, mesmo com a deficiência física, há cinco anos suporta a cela ao lado de seis outros presos. Ele que, estudioso, debochava de quem vivia no plano da verborragia. Viveu, sem dúvida, uma das experiências mais duras de um militante social de Curitiba. </div>
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<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
Os amigos de Gentil reúnem-se nas redes sociais. Em pouco tempo são centenas, que multiplicam narrativas da sua vida. Pessoas de diferentes gerações, entidades, organizações, momentos, igrejas e partidos. Gentil transcendia qualquer rótulo. </div>
</div>
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<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
O ônibus segue pela via estrutural. A passagem aumentou para R$ 3,30.<br />
Por um minuto, me sinto desnorteado, com um aperto e ao mesmo tempo um turbilhão por dentro. Vacilo um pouco e reencontro a rua. Desço no ponto de ônibus errado e ainda tenho que caminhar até uma imensidão de bandeiras, de um centro cívico com rostos de professores. </div>
</div>
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<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
Me permito sonhar com Gentil, Adir, Dirceu, livres da prisão.Gentil surgindo num relance, curioso pelas novidades, sem muito tempo para explicar tudo o que aconteceu.</div>
</div>
<div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br />
Na sua velocidade mágica de sempre, deixando para nós essa tarefa de contar suas histórias.</div>
</div>
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<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
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<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
------</div>
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<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
Pedro Carrano é jornalista e diretor do Sindicato dos Jornalistas do Paraná. Autor do livro "Três Vértebras e um primeiro testamento".</div>
</div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-650627706718895024.post-48087712964146886822015-02-22T18:03:00.001-08:002015-03-25T13:33:21.616-07:00Crônica: Domingo na greve<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-cAqAb8aeZDc/VRMbhFfFM2I/AAAAAAAADCY/ny3VZlnQXkE/s1600/10426532_617951755004131_5139025209581637210_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-cAqAb8aeZDc/VRMbhFfFM2I/AAAAAAAADCY/ny3VZlnQXkE/s1600/10426532_617951755004131_5139025209581637210_n.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
Lá pelos lados do Centro Cívico fica localizado um dos principais símbolos de orgulho do curitibano. Trata-se do Museu Oscar Niemeyer, popularmente conhecido como Museu do Olho. O local é rota dos ônibus de turismo e dos moradores da capital. Ainda mais em um domingo ensolarado de verão. Oportunidade ideal para reunir a família, namorados, amigos ou ir sozinho para ver alguma exposição.</div>
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<br /></div>
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Só que no caminho até o MON as ruas deste dia colorido estavam bloqueadas ou com desvios. A locomoção de carro se tornara mais difícil, principalmente para aqueles que desconhecem atalhos da cidade. Por sorte que é domingo. Assim não se criam congestionamentos, nem filas de carros pela manhã. O 'transtorno' aos motoristas ocorre justamente para devolver um pouco a cidade aos cidadãos. Pois, dentro do perímetro interditado, as avenidas são ocupadas por bicicletas e corredores que podem usufruir do espaço sem o incomodo de levarem um buzinada ou poderem ser atropelados. E os atletas de fim de semana se locomovem tranquilamente, de um lado ao outro, quem sabe até o próprio Olho, que é o ponto de encontro da galera. Porque o museu dos paranaenses tem mais do que cultura exposta. Ele possui um grande vão livre e um enorme gramado ao seu lado. Espaço utilizado por aquelas famílias, namoradas, amigos ou solitários que não estão muito interessados em arte e querem apenas um pouco de lazer fora dos shoppings.</div>
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<br /></div>
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Circundando o trânsito impedido, aproximo-me do Museu Oscar Niemeyer, mas não estaciono por essas bandas. Sigo em outra direção, passando em frente ao Tribunal de Contas do Estado, que fica escondido atrás do MON, contorno e paro o carro no estacionamento localizado nos fundos do prédio. Já é possível ver na frente do Palácio Iguaçu diversas barracas e bandeiras da ocupação dos professores estaduais em greve contra os pacotes de maldade do governador Carlos Alberto Richa. Gente vinda de todo o estado para não permitir que o governo saqueie de sua poupança 8 bilhões de reais sob o pretexto de uma crise financeira. Ainda a distância, tudo aparenta estar muito tranquilo. Não há barulho, corre corre, os pendões não tremulam, o carro de som não esperneia, quase nada. Cenário bem diferente de doze de fevereiro, quando os deputados governistas, contrariando a vontade de mais de trinta mil pessoas nas ruas, queriam votar na marra o <i>pacotaço</i>. Nem que para isso tivessem que entrar na Assembleia Legislativa, localizada ao lado do Palácio, dentro de um carro blindado do Choque, no episódio que ficou conhecido como “Bancada do Camburão”.<br />
<a name='more'></a></div>
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<br /></div>
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Contudo, a pressão popular quebrou o cerco policial e elevou a pressão daqueles que votavam escondidos no restaurante, uma vez que o Plenário estava tomado. O medo e o cagaço do <i>ocupaço</i> fez com que a votação fosse interrompida e o projeto retirado da pauta. O clima tenso, que por um triz não se tornou em tragédia, foi revertido pelo orgulho da vitória numa batalha. E os lances desse embate, milhares de pessoas unidas tal qual formigas, faixas, gás de pimenta, flores, cachorros, grevistas armados de razão, policiais desarmados de ação com seus soldos também comprometidos, imprensa, câmeras, filmadoras, microfones, tensão no rosto dos governistas, cansaço na face dos oposicionistas, megafone, grades rompidas, vergonha exposta foram registrados nas lentes de diversos repórteres fotográficos. Imagens que estão sintetizadas na exposição de cinco deles, organizada pelos Sindicatos dos Jornalistas do Paraná (Sindijor) e Professores (APP-Sindicato) dentro do acampamento de resistência.</div>
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<br /></div>
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É para vivenciar este momento que troquei o MON, o passeio de bicicleta, o <i>parcão</i>, o Domingo no Parque pelo Domingo na Greve. Quem já vivenciou esses momentos de embate, sabe que sempre há oportunidades para relaxar, sempre há instantes de pausa na guerra. Cujo o assunto não é, por exemplo, o protesto ocorrido dias antes em frente ao TCE, escondido atrás do MON, onde seus ocupantes indicados pelo governo estadual negaram o auxílio transporte de trezentos reais aos professores, mas se concederam auxílio moradia – sem necessidade de comprovação – de quatro mil e quatrocentos reais. Nestas horas, pelo contrário, as injustiças dão lugar a solidariedade daquele que oferece o bolo vindo no oeste do estado, de um que divide o carregador de celular, do outro que compartilha o papel higiênico com o colega de trabalho do norte do estado, daquele que traz água quente para o chimarrão coletivo. E por aí se vai com gente contando sobre as dificuldades de sua turma, da falta de material escolar, do tráfico que faz a ronda na escola, das agruras do cotidiano que só não são maiores do que o dom de ensinar e lutar, de ensinar a lutar.</div>
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<br /></div>
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É o momento da fraternidade do diálogo, aquele mesmo que o governador diz possuir, mas que deve exercer apenas em seu governo de veraneio na longíqua República de Porto Belo (Santa Catarina) onde, no carnaval, alheio a toda dor e sofrimento daqueles que se alimentam das esperanças vizinhas, desfila de bicicleta importada e fones de ouvidos como um piá de prédio. Se tivesse respeito pela educação, pelos milhares de jovens da classe média ou pobres que saem atrás na corrida do vestibular, visitaria o acampamento, ouviria as estórias de muitos deles, explicaria porque o estado está quebrado, porque reajustou seu próprio salário para 33 mil reaia porque chamou aqueles que lutam pelos seus direitos de baderneiros sem sequer quebrarem uma vidraça ou apenas ds vítimas de manipulação partidária.</div>
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<br /></div>
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Mas não, neste acampamento, as sombras dos covardes não se aproximam. Em seu lugar, apenas se sente o forte cheiro de estrume de cavalo, que na verdade é o cheiro expelido pela grama castigada após dias de chuvas e de lutas. Detalhe, quiçá, irrelevante diante do aroma de café com leite que é servido neste momento aos grevistas e<br />
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</div>
aos que acompanham a exposição fotográfica no domingo da greve.</div>
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<br /></div>
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<i>Manolo Ramires é jornalista e cronista. Escreveu "Vozes da Consciência" e "Crônicas dos Excluídos</i></div>
Manolo Ramireshttp://www.blogger.com/profile/03431166077336114344noreply@blogger.com0