Ela mia em desalento. A janela é aberta. O vidro já não é
mais obstáculo. Sobe no parapeito e para. Vira-se para trás. O miado é repetido.
Lamento acrescido do pedido de providências. Mas o pouco que podia ser feito
era abrir as ventanas e mostrar que o tempo se vestia de pranto e tom gris. Ela
tem necessidades. Xixi. Fezes. Arranhar. Sua caixa de areia está colocada num
canto da casa. Ela deseja a grama do quintal do vizinho. Eu a afago como se
falasse que não dá pra sair de casa. Recordo do cachorro da minha irmã. Ontem passeávamos
acompanhados de garoa fina. Logo após deixarmos a ansiedade que o desesperava
em casa. Agonia que, assim como o clima, se deslocou 400 quilômetros e se instalou
nos telhados de Curitiba. Angustio-me. Penso em quantos bichos de estimação
estão enclausurados. Cheirando pela fresta da porta. Olhando pela janela. Enfurnados
em suas casinhas ou paninhos. E tem a roupa que não seca. Já cheira a suja. Já precisa
de outra máquina. No chão umedecido. Na chance de um escorregão. Na ponta dos
pés gelados. Nas meias sujas. Nas pessoas embaixo das marquises. No vento
ameaçando-as. No lamento da gata por todos nós. Nesse desalento com o frio. Só por
este momento.
miauuuuuuuuuu. animal, neco! eu conheço bem essa angústia...
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