Por Manoel Ramires
Atualmente o Paraná Clube é considerado o primo pobre dos
clubes da capital paranaense, atrás de Atlético Paranaense e Coritiba. Mas nem
sempre foi assim. Sendo resultado da fusão do Pinheiros e Colorado, que também
vieram de outra fusões, o time foi seis vezes campeão estadual em dez
anos. Possuía a maior sede social e seus
frequentadores pertenciam à elite curitibana. No entanto, essa história foi se
diluindo e o time de futebol atravessando más fases, estando há sete anos na
Série B do futebol nacional e correndo o risco de fechar no fim do ano, segundo
um diretor.
Seria um final trágico para o tricolor da Vila Capanema,
cujo estádio, Durival Britto e Silva, que era superintendente da Rede de Viação
Paraná-Santa Catarina, foi uma doação para o time de futebol formado por seus
funcionários, em 1947. Contudo, uma nova áurea pode ter atingido o estádio
nesta data: 4 de março de 2015. Neste dia, cerca de 20 mil professores rejeitaram
a proposta governamental e decidiram continuar greve contra atrasos salariais e
a tentativa do governador Carlos Alberto Richa de se apropriar da Previdência
dos trabalhadores.
Agora, a Vila Capanema se une a seleta história de estádios
de futebol que foram utilizados a favor da luta dos trabalhadores, na luta de
classes. Um deles foi São Januário, do
Vasco da Gama, na década de 1940. O Gigante da Colina abrigou as festividades
do 1º de Maio em 1941, 42, 43, 45 e 51, promovidas por Getúlio Vargas. Foi
neste estádio, por exemplo, que foram anunciadas a criação do salário mínimo e
da Justiça do Trabalho. Com média de público de 40 mil pessoas, ocorriam
discursos e partidas de futebol, inclusive de times sindicais, como em 1945.
Cabe destacar que o Vasco da Gama foi o primeiro clube a permitir negros no
campo futebol (honra disputada com Bangu e Ponte Preta na década de 1920).