quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

O Carnaval venceu


1 - Tem ficado comum neste país o povo negar a cultura como se isso fosse demonstração de "elevação intelectual". O futebol já sofre desse mal quando tentam por na conta de sua expressão a culpa pela incompetência e corrupção de cartolas. O povo só pensa em futebol! Yes, da Alemanha à Inglaterra, passando por Espanha e Itália, The people like football.

2 – Agora chegou a vez do Carnaval. Contra ele, pedras e impropérios foram atirados de todos os lados. Mas o Carnaval devolveu tudo em confete e serpentina.  Tem zika, é culpa da folia. Tem crise, é responsabilidade do folião. Tem juros e corrupção, põe na conta do bloquinho. E o Carnaval passou porque é passarinho.

3 – Passou bem por Curitiba, vejam só vocês. Seja no pré-carnaval de Garibaldis e Sacis, seja no eletrônico, seja nos desfiles das escolas de samba ou no Zumbie Walk. Curitibanos, aos poucos, vão colocando o samba no pé e a fantasia na cara carrancuda. O Carnaval também passou feliz e malandro por São Paulo. Na terra da garoa, abadas e cordas foram proibidas por Haddad. O resultado é mais de 350 blocos espalhados pela cidade e R$ 400 milhões em retorno financeiro, provando que a festa pode trazer dinheiro, além de sorriso e azaração.

4 – Azar tiveram – ainda bem – os machinhos. Isso porque não foi o “Japonês da Federal”, Cunha, Lula ou Dilma as maiores críticas do carnaval. O povo vestiu a camiseta contra qualquer abuso. Os caras tiveram que respeitar as minas, pois “se a abordagem for agressiva, meu número é 180”.

5 – O Carnaval venceu, junto com a Estação Primeira de Mangueira. Venceu a tradição, o respeito, a raiz. Venceu a escola que exalta a comunidade, o povo, e a cultura nacional. No carnaval da metralhadora, “canção” que normaliza a violência, o que ficou no fim é a mensagem contra a intolerância religiosa, a exaltação do afro, de Bethânia. Ficou a mensagem do Carnaval: Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário